sexta-feira, 20 de abril de 2007

Artigo indefinido. Por Ana Luisa Lima. Nada mais grave do que a ausência do pranto, do que o costume do nada. Tornamo-nos deuses e assassinos. Criamos uma (não) existência só nossa - uma suposta dimensão. Matamos nossas almas para a realidade sonora. Tudo o que temos é o silêncio - esporadicamente perturbado pelas agruras do tempo. Essas nossas poucas palavras trocadas. O parco. O frouxo. O atalho. O torto. O desconexo. O engodo. Algo em mim dói e não sofro. O meu café esfria diante de mim; eu preciso lhe dizer que “não”. Vontade de tocá-lo, beijar a ponta dos seus dedos, descansar meu rosto em suas mãos – como costumava fazer. Mas a verdade é que, além da estupidez dos meus escrúpulos, não há razão para o “não” - nem para o “sim”. A conta, a nota, a coisa não-falada...

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