Drowning
Por Ana Luisa Lima.
Eu cresci acostumada ao azul e ao frio profundos. Acostumei a pele. Devotei-me ao silêncio. Importava sentir aquela bomba em mim: tum-tum. Cada músculo do corpo latejando; respirações alternadas: duas braçadas: sim. Quando o cansaço: não. Mas o corpo procura ar, (nem) sempre sabe onde e como...
Acostumei-me ao sufoco, à ausência. Essa falta que contrai meu diafragma, e expande meus pulmões.
Aos dezoito deixei as águas... Aos vinte e um mergulhei: você.
Vinte sete e lhe perdi...
E eu lhe (me) perguntava: como? E se?
Desde então me debatia. Tudo o que tinha era sono.
Mas um dia desses uns olhos castanhos me atravessaram a carne. E eu decidi tentar outra vez. Quero que ele seja de novo o azul e o frio na minha tez. O silêncio que consegue me deter. Como há muito tempo não ouvia: tum-tum, tum-tum, tum-tum...
Tomara que ele não tema - a pele áspera.
Não resisti; ele tem o seu nome. Tem outro gosto...
Minha boca saliva.
Sede-de-ter-sede-de-ter-sede-de-ter-sede: de-ser-de.
segunda-feira, 30 de abril de 2007
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