segunda-feira, 30 de abril de 2007

Drowning
Por Ana Luisa Lima.


Eu cresci acostumada ao azul e ao frio profundos. Acostumei a pele. Devotei-me ao silêncio. Importava sentir aquela bomba em mim: tum-tum. Cada músculo do corpo latejando; respirações alternadas: duas braçadas: sim. Quando o cansaço: não. Mas o corpo procura ar, (nem) sempre sabe onde e como...

Acostumei-me ao sufoco, à ausência. Essa falta que contrai meu diafragma, e expande meus pulmões.


Aos dezoito deixei as águas... Aos vinte e um mergulhei: você.

Vinte sete e lhe perdi...

E eu lhe (me) perguntava: como? E se?

Desde então me debatia. Tudo o que tinha era sono.

Mas um dia desses uns olhos castanhos me atravessaram a carne. E eu decidi tentar outra vez. Quero que ele seja de novo o azul e o frio na minha tez. O silêncio que consegue me deter. Como há muito tempo não ouvia: tum-tum, tum-tum, tum-tum...

Tomara que ele não tema - a pele áspera.

Não resisti; ele tem o seu nome. Tem outro gosto...

Minha boca saliva.

Sede-de-ter-sede-de-ter-sede-de-ter-sede: de-ser-de.

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