sexta-feira, 11 de maio de 2007

Lucid dreams
Por Ana Luisa Lima.


Nunca pretendi vencê-lo, então, dei-me logo por vencida. Não pude apagá-lo de mim, ainda mais agora que foi tatuado do lado esquerdo. Era o único jeito... Era preciso tê-lo. Por perto. Como um satélite. Acerca. Envolto. Como o cheiro bom de todas nossas manhãs.

Voltamos às gentilezas, às cartas trocadas – com direito a desenhos coloridos nos cantos da página. Voltamos às ligações intransitivas e desesperadas – nos ligamos por motivos banais - e eu já acabei minha cota de desculpas esfarrapadas.

Voltamos aos chocolates. Ele já não me reconhece em minha magreza. Estimula o retorno de cada grama. Desde que foi embora, minhas roupas diminuíram duas medidas. Reclama que já não há tantas carnes. A saliência dos meus ossos o deprime. Ele transformou-me em outra mulher: não mais bela, sublime.

Na medida certa, voltamos aos sorrisos.

Tudo como antes: delicadamente inquieto: deliciosamente impreciso.

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